Com quase 1 milhão de eleitores, Entorno do DF será decisivo na eleição estadual
As eleições em Goiás tem este ano 4.8 milhões de eleitores aptos a votar e, por consequência, decidir os rumos da administração e representação política do estado. Faltando menos de seis meses esses eleitores irem às urnas, cada voto começa a ser disputado por pré-candidatos a presidência, governo, senadores e deputados – estaduais e federais. Entender o perfil desse eleitorado e o potencial de cada região do estado é o princípio estratégico que deve ser observado por todos que entrem no pleito deste ano.
Como não poderia deixar de ser, Goiânia é a cidade que reúne a maioria absoluta dos eleitores. Na capital goiana 1.017 milhão de eleitores estão aptos a votar nas nove Zonas Eleitorais do município. É na maior cidade do estado que se trava as “batalhas” pelo voto. É importante para qualquer candidato, ao Executivo ou Legislativo, estar bem com o eleitorado da capital. Mas os políticos mais experimentados sabem que a eleição pode ser decidida fora de Goiânia.
Os dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) demonstram a força e representatividade da Região do Entorno de Brasília para as eleições em Goiás. A soma dos eleitores das 29 cidades que compõe a chamada Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride /DF), chega a 868.087 mil. Só os dez maiores municípios da região representam mais da metade dos votos da que há na capital goiana.
Somados, os eleitores de Luziânia (124.361), Águas Lindas (104.732), Valparaíso de Goiás (87.718), Formosa (74.194), Planaltina de Goiás (59.960), Novo Gama (48.480), Santo Antônio do Descoberto (42.706), Cidade Ocidental (42.246), Cristalina (34.889) e Niquelândia (27.874). Ao todo, são 647.160 mil votos reunidos nestas cidades, ficando bem próximo da soma do eleitorado de Aparecida de Goiânia e Anápolis, que juntas tem 653.083 eleitores.
Esse potencial eleitoral do Entorno do DF chama a atenção dos pré-candidatos, assim como na capital. Ter ampla votação na região pode significar o sucesso nas urnas. Lideranças políticas sabem que as eleições do Entorno são um campo para medir forças, reforçar estruturas partidárias e alavancar a formação de lideranças partidárias ou, apadrinhar prefeitos de cidades importantes. Neste quesito a base governista está um passo a frente, pois se movimentou para viabilizar candidaturas competitivas e ampliar sua força na região ainda nas eleições municipais, em 2020. Agora as articulações por apoios e construção de palanques estão mais avançadas do que para candidatos oposicionistas.
Entre as cidades da região do entorno Luziânia se destaca por ter o maior eleitorado da região – são 124 mil eleitores. A administração do Município acaba por ter reflexo em toda a região por sua importância. E justamente em Luziânia que a base caiadista parece estar mais confortável. O prefeito Diego Sorgatto, foi expulso do PSDB e se abrigou no DEM (hoje União Brasil), partido que tem como presidente estadual o governador. Foi com apoio de Caiado que ele se elegeu prefeito, se tornando um grande cabo eleitoral do governador.
Já cidade de Águas Lindas, segundo maior colégio eleitoral do Entorno, tem a frente da gestão o prefeito Lucas de Carvalho Antonietti, do Podemos, que já afirmou que caminhará firme ao lado do governador Ronaldo Caiado. Na cidade de Valparaíso, o prefeito Pábio Mossoró, do MDB, é um dos principais aliados governistas e tem forte influência política na região. O apoio também se repete em Formosa, onde o prefeito Gustavo Marques de Oliveira já manifestou seu apoio ao projeto de reeleição do governador.
Em uma campanha para o governo do Estado, ter prefeitos e vereadores ao lado é a garantia de que os eleitores daquela cidade estarão mais dispostos e receptivos em relação às propostas do candidato — é sinônimo de palanque amplo. Outro ponto importante é que, ao consolidar a base de apoio em uma determinada região, o reflexo instantâneo é minar as forças do candidato concorrente entre aquele eleitorado, ou seja, reduzir o palanque do oponente.
“O Entorno, depois da região metropolitana, é a mais importante macrorregião em densidade eleitoral. É uma região em que as cidades têm características semelhantes, principalmente ligada a questão da segurança pública. O governador Ronaldo Caiado entendeu isso, e fez um trabalho, durante a pandemia em conquistar apoios. Ele reverteu a relação institucional de governo em apoio eleitoral. Ele conseguiu atrair uma base de sustentação importante, com políticos que eram da base do governador Marconi Perillo”, avalia o cientista político Guilherme Carvalho.
O avanço da base governista no entorno do Distrito Federal tem um significado muito forte para 2022 — a região era reduto de Marconi Perillo (PSDB), que tinha como estratégia usar o que restava de prestígio do PSDB no Entorno para liderar a oposição.
Perfil do eleitorado
Com base nas informações do TRE, percebe-se que o eleitorado goiano tem sua maior parcela na faixa de idade de 45 a 59 anos. São mais de 1.2 milhão. Aqueles que tem de 35 a 44 anos, somam 1,019 milhão. Na sequência está a faixa de 25 a 34 anos, estes com pouco mais de 1 milhão de eleitores. Aqueles que tem de 18 e 24 anos representam 635 mil. Eleitores entre as idades de 60 a 69 anos correspondem a 514 mil.
Ao separar os eleitores por sexo, as mulheres são maioria em Goiás. Elas representam 52,5%. Homens, 47,4%. Com base no grau de instrução declarado pelos eleitores goianos a maioria informou ter concluído o ensino médio (1.3 milhão). Na base de dados do TRE, 1 milhão informaram que não concluíram o ensino fundamental. Outros 770 mil não terminaram o ensino médio, 560 mil eleitores tem o ensino superior completo e 330 mil não concluir a graduação. Aqueles que declararam saber ler e escrever somam 306 mil, e 127 mil afirmaram ser analfabetos.