Viagem de Lula à Argentina e ao Uruguai marca guinada externa de esquerda com aceno à direita
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca para a Argentina neste domingo (22) e, na sequência, irá ao Uruguai. Será a primeira viagem internacional desde que tomou posse e marcará uma guinada à esquerda em relação à política externa do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas a agenda, com a visita ao Uruguai, também buscará fazer um aceno à direita internacional.A viagem de Lula inclui a participação no encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), da qual o Brasil havia se retirado no governo Bolsonaro. O brasileiro também terá reuniões bilaterais com outros chefes de Estado, incluindo o presidente de esquerda da Argentina, Alberto Fernández, e possivelmente com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro. Na sequência, Lula segue para o Uruguai, onde ser encontrará na quarta-feira (25) com presidente conservador Luis Lacalle Pou, num aceno à direita internacional.A escolha da Argentina para a primeira viagem internacional de Lula foi pensada de forma estratégica justamente por causa do encontro da Celac, que vai reunir diversas lideranças da América do Sul. Integrantes do governo dizem que o Brasil deve assumir o papel de protagonista para fortalecer os países do continente. A ida de Lula à Argentina será o primeiro passo desse objetivo externo do governo do PT.”Esse é um grande projeto de política externa do presidente Lula, que há de trazer o Brasil de volta a um intenso protagonismo internacional, para que todos os brasileiros voltem a orgulhar-se do seu país”, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante evento no Itamaraty.O Brasil havia deixado de integrar a Celac em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). À época, o então chanceler, Ernesto Araújo, justificou a medida afirmando que “a Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área. Ao contrário, dava palco para regimes não democráticos como os da Venezuela, Cuba, Nicarágua”. O governo Lula, por outro lado, argumenta que a decisão de reintegrar o Brasil à Celac faz parte do projeto de “restaurar a diplomacia brasileira” e “reconstruir pontes com países sul-americanos”. “O retorno do Brasil à comunidade latino-americana de Estados é um passo indispensável para a recomposição do nosso patrimônio diplomático e para a plena reinserção do país ao convívio internacional”, informou o Itamaraty, em nota.