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Copa do Mundo, eleições e pandemia são os grandes desafios para 2022

Copa do Mundo, eleições e pandemia são os grandes desafios para 2022

Com a missão de superar a crise decorrente da covid-19, eleições, Copa do Mundo e carnaval trazem expectativas para os brasilienses. Especialistas apontam cenários possíveis para 2022, como estabilização da pandemia
A combinação de ano eleitoral com Copa do Mundo não é novidade, mas, em 2022, será a primeira vez que esses eventos vão se somar a mais um acontecimento que afeta não só o Brasil como o mundo: a pandemia da covid-19. No Distrito Federal, os moradores devem estar atentos ao cenário triplo. A doença vitimou, ao menos, 11.107 mil pessoas e infectou 519.546 mil na capital federal. Para o pleito nacional e distrital, há cerca de 2,1 milhões de eleitores aptos a participarem. Acrescenta-se ao contexto a expectativa de retorno ou não das festas de Carnaval, cuja realização, no DF, segue em análise. Especialistas ouvidos pelo Correio falam sobre o que pode mudar no ano que começa e qual deve ser o comportamento da população.
O professor de sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Sadi Dal Rosso acredita que não será possível dissociar o cenário econômico da conjuntura social. “Inflação, emprego e salário são elementos que terão repercussão no próximo ano. O DF é muito afetado pelo desemprego, com padrão acima do nível de grandes metrópoles”, compara. O índice de desocupação no DF chega a 16,1%, segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
Copa
Dal Rosso destaca a relação entre saúde, futebol e política. “A Copa do Mundo será o elemento ideológico do próximo ano. Suscitará as paixões e os espíritos e terá impacto eleitoral. Outro elemento que será relevante nas próximas eleições é a covid-19, com o atraso na compra de vacinas, que ceifou milhares de vidas. Esta conta será cobrada e não ficará impune; terá impacto social”, analisa.
Antes da Copa do Mundo e das eleições, em ordem cronológica, o primeiro evento do calendário seria o Carnaval. No fim de 2021, quando cancelou as comemorações de ano novo devido à variante ômicron da covid-19, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que a festa do rei momo também passaria por avaliação. O secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, afirmou à reportagem que, até o momento, não há nada definido sobre a realização ou não das festas públicas este ano.
Pandemia
A preocupação das autoridades com a crise sanitária é legítima. De acordo com o infectologista e presidente da Sociedade de Infectologia do DF, José Davi Urbaez, não se pode subestimar um vírus respiratório. “Por hora, não há nada que aponte que estamos livres da pandemia. Pelo contrário, com a ômicron, a previsão é de que teremos uma escalada dos casos em 2022, sem dúvidas”, considera. O médico afirma que ainda é preciso cumprir as medidas de prevenção não farmacológicas e imunizar a população, inclusive com doses de reforço. “Com a vacinação, esperamos que essa onda da ômicron não seja tão grande quanto a primeira onda da covid-19. Com o reforço da imunização, esse efeito pode ser ainda menor”, comenta.
O DF entra em 2022 com uma situação pandêmica considerada controlada. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, a capital registrou 200 novos casos e não contabilizou óbitos. A taxa de transmissão estava em 0,88. A cepa dominante da doença segue como a delta. A ômicron, última variante a aparecer, contabiliza 26 ocorrências. Mesmo com ares de cenário positivo, na avaliação de Breno Adaid, pesquisador do Centro Universitário Iesb e doutor em administração e pós-doutor pela Universidade de Brasília (UnB) em ciência do comportamento, é preciso estar atento aos primeiros meses do ano.
“A ômicron tende a dobrar o número de casos a cada dois ou três dias. É isso que aconteceu em todos os outros países e deve acontecer aqui também. Com isso, a previsão é que, na metade de janeiro, tenhamos uma alta de casos e, assim, uma alta procura pelos hospitais, mesmo que as pessoas não fiquem internadas”, diz. Porém, ele explica que, com o avanço da vacinação, a tendência é que, após o primeiro trimestre do ano, a situação melhore. “Tudo que sobe, desce. A partir de março, devemos ter uma ótima estabilização da pandemia. A expectativa é otimista”, completa.
Eleições
O pleito de 2022 está marcado para 2 de outubro. Dos 146,5 milhões de brasileiros com o título eleitoral em dia com o Tribunal Superior Eleitoral, 1,43% — ou 2.108.301— são residentes na capital federal. O valor é equivalente a 69% da população total do DF. A data limite para obter o título de eleitor é 4 de maio. Para a disputa ao Palácio do Buriti, há, até o momento, quatro pré-candidatos. São eles: Rosilene Corrêa (PT), Leandro Grass (Rede), Izalci Lucas (PSDB) e Rafael Parente (PSB), além do atual gestor, Ibaneis Rocha (MDB).
O cientista político e advogado Rafael Favetti afirma que, no Brasil, há uma tradição de reeleição. “Para estados e DF, três questões pesam na decisão do eleitorado: obras, saúde e segurança pública”, avalia. Na capital federal, o especialista considera que ainda não há uma oposição concreta à atual gestão. “Os políticos têm até abril para escolherem os partidos que, por sua vez, têm até julho para lançar candidaturas. Porém, quanto mais demorarem, menos alianças sólidas podem fazer”, completa.

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