Pacientes denunciam falta de insumos para realizar exame de carga viral do HIV, em GoiâniaStéfany Fonseca
O tratamento contínuo para o portador de HIV é imprescindível para controlar carga viral no organismo.
O desabastecimento de insumos causa reflexos no Centro de Referência em Diagnóstico Terapêutico (CRDT). De acordo com levantamento realizado pelo Jornal Opção, a unidade está sem tubo de coleta para realizar o exame CD4 e carga viral, que é utilizado para avaliar a função do sistema imunológico em pessoas com diagnóstico de infecção pelo HIV, vírus da imunodeficiência humana.
Há quatro meses sem insumo de coleta, o centro está aguardando a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia encaminhar o material, já que a licitação foi feita. O local está há uma semana sem realizar exames, por falta do tubo. Há a informação de que os servidores estariam fazendo “vaquinha” para não deixar os pacientes desamparados.
À reportagem, uma paciente de Trindade que não quis ser identificada relata que chegou à unidade na última sexta-feira, 6, e não foi atendida, devido à falta de equipamento para realizar o procedimento. A paciente não é a única: por dia, a unidade assiste cerca de 50 pessoas. Com os exames parados há uma semana, já são praticamente 250 soropositivos sem o recurso.
Receosa, a paciente diz que precisa do exame para comprovar o tratamento e receber a medicação. “Eles não deram nenhuma previsão e eu sinto que, por fazer um tratamento de vida, corro risco. Se o Ministério da Saúde não tiver o resultado do exame, podem cortar meu tratamento”, lamenta.
De mãos atadas, coordenador estadual suplente da Rede Nacional de Pessoas Positivas núcleo Goiás (RNP) e presidente do Conselho Local de Saúde HDT/Ceap-SOL, Antônio Rodrigues dos Santos, denuncia que a situação é “muito grave”, os pacientes sem o exame não conseguem pegar medicação para controle da doença no organismo. “Eu liguei para a coordenação da unidade e eles realmente me relataram que está faltando insumo para fazer esse exame”.
Essencial para adquirir a medicação, os pacientes começam a conviver com o medo de ficar sem o exame. “Os usuários não podem ficar sem esses exames que são feitos a cada seis meses, esse exame é para você adquirir a medicação”, explica Antônio.
Os medicamentos antirretrovirais impedem justamente o processo de replicação viral no organismo humano. Ao bloquear a produção de novas cópias do vírus, o tratamento age na redução da carga viral no sangue. O vírus HIV utiliza suas proteínas para atingir as células de defesa do organismo, ou seja, o objetivo da medicação é coibir esse efeito.
O Jornal Opção procurou a assessoria da SMS e o próprio secretário de saúde, Durval Pedroso, para entender o motivo da falta de insumos e o que a pasta tem feito para normalizar o serviço, mas não foi possível obter resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para a manifestação das autoridades responsáveis