BRASILEIROS ESTÃO OPTANDO POR ENERGIA SOLAR POR CONTA DOS AUMENTOS ABUSIVOS DA CONTA DE LUZ
Aumento do valor do QuiloWatt-Hora (Kwh), visão sustentável e facilidade em adquirir crédito para financiamento são fatores de popularização da nova tecnologia, que substitui hidrelétricas.
O alto valor da conta de luz somada à crise hídrica mostra a urgência de investimento em fontes sustentáveis. As ações para preservar o meio ambiente, vistas como necessárias para garantir as gerações seguintes, chegou em momento de imediatismo. O custo de uso indeterminado dos recursos naturais atingiu o bolso dos brasileiros. Para fugir das despesas, a energia solar tem sido uma opção que, cada vez mais, se populariza no país.
Antes direcionada para empreendimentos comerciais, a energia solar fotovoltaica passou a ser possível para residências. O professor Aneilton Barbosa viu sua conta de luz cair de cerca de R$500 para até R$80, uma economia de 84% nas despesas de casa. “Estou bem satisfeito com o investimento. Além de estar contribuir para sustentabilidade, economizo. Hoje pago a tarifa mínima. Com o aumento da energia, a luz fica em, no máximo, R$105”, contou o professor universitário.
O investimento de Aneilton ficou entre R$20 mil e R$25 mil. A previsão do professor é que o sistema se pague em quatro ou cinco anos. Por conta da bandeira vermelha, imposta pelo governo federal no período de estiagem, o docente acredita que sua energia, sem a nova tecnologia, passaria de R$600.
Além da diminuição de despesas, a possibilidade de contribuir com o meio ambiente anima o professor. “Quero fazer parte de uma coisa bem legal. Se você começar a ter essa ter essas atitudes, pode contribuir com o meio ambiente”, disse Aneilton.
A ideia de investir em fonte sustentável surgiu com a adesão de vizinhos à nova tecnologia. Morador de condomínio horizontal, o professor vê que a energia solar tende a ficar mais acessível no mercado. “Presumo que esse sistema vai ficar mais barato. Já ouvi falar em empresas que lançaram telhas térmicas. Tudo isso vai contribuir para diminuir os preços”, ressaltou Aneilton.
A presunção do professor está correta. De acordo com Pedro Bouhid, empresário do ramo, a adesão à energia solar acumula aumento de 40% no ano de 2021. Os motivos são: elevado custo da energia elétrica, sustentabilidade e barateamento da energia solar, nos últimos anos, aliado à facilidade de crédito para adesão à nova tecnologia.
De acordo com o empresário, o valor da conta de luz fez as pessoas direcionarem o foco para a energia solar. “O perfil do meu cliente é alguém que está incomodado com o custo da energia, quer economizar, tem vontade de ser sustentável e tem capacidade de investimento ou de crédito”, descreveu Pedro Bouhid.
CRÉDITO
O principal responsável pela acessibilidade à energia solar é o financiamento para instalação. Instituições financeiras, hoje, dispõem de crédito para tornar possível a adesão das pessoas à fonte sustentável. Segundo Pedro Bouhid, os investimentos parte de R$10 mil e “o céu é o limite”, estimou o empresário.
O investimento depende do quanto a residência gasta de energia elétrica. “O tamanho da residência influencia porque casas maiores tendem a consumir mais, mas a regra é pelo consumo”, explicou Pedro Bouhid.
Apesar de admitir existir investimentos de R$10 mil, o empresário diz que outros fatores devem ser analisados, como, por exemplo, o valor que se paga na conta de luz. “A partir de consumos menores, como R$200 de energia, já é interessante instalar energia solar na residência”, ressaltou Pedro ao lembrar que a tarifa mínima por uso da energia elétrica da concessionária continuará a ser paga.
A tarifa mínima é determinada se a ligação é monofásica, bifásica ou trifásica. O valor varia de acordo com o preço do Quilo-Watt hora (Kwh) em cada tipo.
Como funciona a energia solar
Conforme explicou Pedro Bouhid, que também é engenheiro civil, a energia solar tem módulos fotovoltaicos, popularmente conhecidos como “placas solares”. Eles são responsáveis por receber os raios do sol e transformar em energia elétrica. “Dos módulos, vai para o inversor, que converte essa energia de corrente contínua em energia de corrente alternada, já apta para uso instantâneo nas residências ou comércios”, explicou o empresário.
A energia é consumida simultaneamente. O restante que sobra é injetado na rede e contabiliza como crédito perante a concessionária de energia elétrica, em Goiás, a Enel. Ao final do mês, é efetuada a leitura, mas, ao invés de analisar apenas o que foi gasto, a empresa analisa o que o cliente gerou para a rede. “É uma conta de crédito e débito. Se você consume mais do que injeta, você paga. Se injeta mais do que consume, fica com crédito para os meses seguintes”, explicou Pedro Bouhid.
Aneilton espera que a tecnologia evolua e seja possível acumular energia ao invés de crédito. Com isso, o professor crê que diminuiria a dependência do consumidor à concessionária de energia elétrica. “Eu gero energia, mas não acumulo, a energia volta para a Enel. Eu tenho mais de 1000 kwh de crédito. A tecnologia que me refiro é que, no futuro, possamos manter a energia em casa, acumular. A gente produz e mantém armazenado. Não teríamos as intempéries que temos com a Enel, por exemplo, de ficar sem energia.
Condomínios verticais
O empresário Pedro Bouhid afirmou que a fonte de energia sustentável é realidade inclusive em condomínios verticais de Goiânia. No entanto a realidade permite que seja aplicada às áreas comuns dos estabelecimentos, apesar de ser possível aplicar em apartamentos individuais.
A dificuldade de implantar nas unidades de condomínios verticais é o alto consumo em uma área pequena. “A energia solar poderia chegar aos apartamentos, mas a área é limitante, tem um alto consumo com área não tão grande. Normalmente, o investimento é feito com máximo da área para abater só da área comum”, explicou o engenheiro civil.
Segundo Aneilton, o crédito de sua energia pode ser contabilizado em outra residência, desde que esteja em seu CPF. No futuro, o professor pensa em aproveitar no apartamento de sua filha.