A cada seis horas uma criança é estuprada em Goiás
Goiás contabilizou entre janeiro e agosto (242 dias) de 2022, uma criança ou adolescente de 0 a 14 anos vítima de estupro a cada seis horas. Ao todo, foram quatro crimes desta natureza por dia, totalizando 101 vítimas mensais. O número representa 76,4% de todos os crimes sexuais cometidos contra a categoria em 2021.
O estupro, que prevê pena de até 15 anos de prisão, foi o mais registrado contra a faixa etária de idade, com 1.025 ocorrências. Em seguida, aparecem outros crimes como: lesão corporal (504 casos), abandono de incapaz (227 casos) e homicídio (11 casos), de acordo com a Secretária de Segurança Pública de Goiás (SSP).
Além dos números expressivos, os crimes desta natureza estão apresentando maior gravidade. No último dia 23, por exemplo, um homem foi preso suspeito de estuprar a própria filha, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Ele, inclusive, feriu a vítima com um coletor menstrual.
Dias antes, no dia 11, um outro pai foi preso suspeito de estuprar e obrigar a filha a fazer um aborto após engravidá-la, em Goiandira. Outro caso, talvez ainda mais chocante, foi o da menina Luana Macedo, de 12 anos. A jovem foi estuprada, morta, esquartejada e enterrada após ter o corpo queimado pelo pedreiro Reidimar Silva, de 31 anos, no final de novembro.
Estupro
Os crimes de ordem sexual, conforme a delegada Thaynara Andrade, vão desde a importunação até os atos físicos. O estupro de vulnerável, inclusive, ocorre quando o autor pratica conjunção carnal ou outros atos libidinosos com menores de 14 anos.
“A maioria dos crimes ocorreram no âmbito familiar, doméstico. Não há um perfil, geralmente, as pessoas que praticam esse crime são do convívio da vítima, podendo ser pais, padrastos, tios, avós, primos ou amigos da família”, explicou.
Combate
A investigadora contou que a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) combate não só os crimes sexuais, mas todos os segmentos, por crime por meio de denúncias e investigações, além do uso da educação em palestras.
Para ela, as apresentações em escolas e outros locais públicos fazem com que as vítimas criem coragem para denunciar as agressões, assim como tem acontecido em algumas cidades durante o decorrer do ano.
“A denúncia com crianças menores é mais difícil de chegar ao conhecimento da polícia. Na maioria das vezes, essas crianças que não conseguem se expressar, os pais não tomam conhecimento. Quanto maior a criança ou o adolescente, melhor será a sua expressão”, explicou.
Crimes virtuais
Thaynara diz ainda que houve um aumento nos crimes virtuais praticados contra vulneráveis, principalmente envolvendo a sexualização e a incitação pornográfica a criança.
“Muitos jovens têm medo de falar, vergonha ou acham que não vão acreditar neles. Aí começaram as automutilações. É preciso criar uma proximidade, perceber a sexualidade precoce, que é um sinal de uma criança que está sendo abusada. Um grande fator também entre essas vítimas é a depressão”, concluiu.