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Promotoria vai recorrer de decisão que soltou Suzane von Richthofen

Promotoria vai recorrer de decisão que soltou Suzane von Richthofen

ISABELLA MENON

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério Público de São Paulo informou, nesta quinta-feira (12), que vai recorrer da decisão da 2ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, que autorizou o regime aberto para Suzane von Richthofen.
Solta nesta quarta-feira (11), ela cumpriu 20 anos de pena pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia, na zona sul de São Paulo, em novembro de 2002.
O alvará de soltura de Suzane foi cumprido às 17h35 no presídio feminino de Tremembé, no interior paulista. O processo de cumprimento de pena de Suzane von Richthofen está em segredo de Justiça.
Ré confessa, Suzane foi condenada em 2006 a quase 40 anos de prisão e estava desde 2015 no regime semiaberto, no qual a execução da pena é realizada em colônias agrícolas, industriais ou em estabelecimentos similares.
Já no regime aberto, o condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.
A Folha de S.Paulo entrou em contato com a defesa de Suzane, representada pela advogada Sthefanie Guadalupe. Por meio de mensagem de texto, ela informou que o processo corre em segredo de justiça, e, por isso, é “sigiloso em toda sua tramitação e desdobramentos”.
O CRIME
O crime em 31 de outubro de 2002 chocou o país. Na época, ela tinha quase 19 anos e era estudante de direito da PUC-SP.
Segundo depoimento dos acusados à polícia, antes do assassinato, o irmão de Suzane —então com 15 anos— foi levado por ela até um cybercafé. Em seguida, ela e o namorado, Daniel Cravinhos, à época com 21, encontraram o irmão dele Cristian, 26, e seguiram para a casa. Suzane entrou e foi ao quarto dos pais para constatar que eles dormiam. Depois, acendeu a luz do corredor, e os irmãos golpearam o casal.
Inicialmente, a polícia acreditava se tratar de um caso de latrocínio (roubo seguido de morte). Porém, a casa não tinha sinais de arrombamento, e tanto o alarme quanto o sistema interno de vigilância estavam desligados.
Dias após o crime, a compra de uma moto com parte do valor paga em dólares levou a polícia a desconfiar dos irmãos. Em 8 de novembro de 2002, Suzane, Daniel e Cristian foram presos e confessaram ter planejado e matado o casal.
Suzane obteve liberdade provisória em junho de 2005 por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ela voltou a ser presa meses depois após a exibição de uma entrevista concedida ao “Fantástico”, da Rede Globo, durante a qual ela foi orientada pelos advogados a chorar e demonstrar fragilidade diante das câmeras.
Em 2006, ela teve a domiciliar provisória permitida pelo então ministro Nilson Naves, do STJ, mas a decisão foi cassada no mês seguinte.
Dentro da prisão, Suzane se tornou evangélica, conselheira de outras detentas, abriu mão de lutar pela herança dos pais, tentou se reaproximar do irmão e, em 2014, se casou com Sandra Regina Ruiz Gomes, presa por sequestro.
No ano seguinte, ela foi para o semiaberto. Em 2016, saiu pela primeira vez da prisão durante o feriado de Páscoa.
Dois anos depois, em 2018, no mesmo dia em que foi beneficiada com a saída temporária de fim de ano, Suzane foi levada de volta à prisão após ser flagrada em uma festa de casamento em Taubaté.
A relação com Sandra durou até 2016. No mesmo ano, Suzane começou a namorar o empresário Rogério Olberg. Em entrevista na época, ele afirmou que o sonho dela era constituir família. “Ela gosta muito de crianças. Sim, eu me vejo casado com a Suzane”, disse Olberg.
O caso ganhou dois filmes lançados na mesma data em 2020. Os longas são baseados nos autos do processo do assassinato do casal Von Richthofen e abordam as versões apresentadas por Suzane e Daniel ao tribunal.
Às vésperas da estreia, Suzane entrou com uma ação contra a produtora Santa Rita Filmes por causa dos longas “A Menina que Matou os Pais” e o “Menino que Matou Meus Pais”. A produtora, no entanto, ganhou todas as etapas em primeira instância do processo, que já foi transitado em julgado.

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