Alta do diesel deve aumentar adesão de caminhoneiros pela paralisação
A expectativa é de que a falta de diálogo com o governo e o aumento no preço dos combustíveis aumente o número de apoiadores ao movimento.
O anúncio da Petrobras de aumentar os valores do diesel em 8,8% nas refinarias caiu como uma bomba entre os caminhoneiros autônomos e ajudou a incentivar a paralisação agendada para o dia 1º de novembro, que tem como principal pauta justamente a alta do combustível.
Plínio Dias, presidente da Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), disse que os aumentos da Petrobras nos combustíveis favorecem exclusivamente os acionistas da empresa. E ressaltou que, agora, a paralisação para o dia 1º de novembro terá ainda mais apoio da categoria.
O governo chegou a sinalizar uma conversa com lideranças dos caminhoneiros para tratar os motivos da greve, que aconteceria nesta quarta-feira, 28, mas foi desmarcada. A expectativa é de que a falta de diálogo e o aumento no preço dos combustíveis aumente o número de apoiadores ao movimento.
O deputado bolsonarista Nereu Crispim (PSL-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, entrou para a fila composta por aliados próximos do presidente que têm se decepcionado com sua condução do país.
À frente das negociações sobre as pautas dos caminhoneiros com a administração federal, o parlamentar afirma que Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, da Economia, hoje “só trabalham para banqueiro e investidor da Bolsa de Valores”.
“Os R$ 400 que eles estão oferecendo é esmola para o caminhoneiro”, completa, em referência ao auxílio que Bolsonaro prometeu criar para a categoria.
Crispim também afirma que os caminhoneiros não querem mais conversar com o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, principal interlocutor da categoria até o momento. “Ele está empurrando tudo com a barriga há três anos. Chega”, afirma Crispim.
“A única pessoa que não queremos que participe de uma reunião com caminhoneiros é ele. Não fez nenhuma entrega por caminhoneiros autônomos. Fazemos questão de que não participe. Ele se dizia autorizado pelo governo para tocar essas pautas e nunca resolveu nada, desde 2018. Sempre conversa fiada”, acrescenta.
Crispim, que diz ser o deputado mais leal ao governo em votações de pautas econômicas, afirma que Bolsonaro está encomendando a paralisação de 1º de novembro e que não há previsão de novos encontros para negociação com o governo Bolsonaro.