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Aumento do pedágio em Goiás terá que ser explicado no TCU

Aumento do pedágio em Goiás terá que ser explicado no TCU

Parecer técnico do Tribunal de Contas da União (TCU) acatou a representação que aponta irregularidades no aditivo contratual que permitiu reajuste de até 193% no pedágio em rodovias federais goianas. O documento foi apresentado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB) e pelo senador Jorge Kajuru (Podemos). O relatório segue para apreciação do relator no Tribunal, Walton Alencar.

Os parlamentares pediram a suspensão cautelar do aumento, entretanto, antes de tomar qualquer decisão, o documento do TCU estipula que a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a Concessionária das Rodovias Centrais do Brasil S.A (Concebra) terão um prazo de cinco dias para que expliquem sobre a assinatura do aditivo e encaminhem também a documentação, incluindo cronograma de elaboração de projetos e realização de obras.

Na análise do reajuste, a equipe técnica constatou um excedente tarifário, ou seja, a diferença entre a tarifa média praticada (R$ 6,90) e a tarifa calculada (R$ 3,10). O valor pode gerar aos cofres da Concebra um pagamento de R$ 579 milhões, sem descontar os valores das multas e também de punições financeiras que a empresa deveria receber por descumprimento do contrato. Ainda, segundo o documento, é apontado que existe o risco da concessionária receber esse excedente tarifário e não executar as obras previstas de recuperação, dado o tempo exíguo do aditivo, 20 meses, e a extensão de rodovias sob a gestão da Concebra, além do histórico de descumprimento contratual da empresa.

De acordo com Elias Vaz, “a concessionária passou anos descumprindo o contrato, o que deixou as rodovias em péssimas condições e está lesando os motoristas, seja pela falta de segurança ou por danos causados aos veículos. E ainda recebe de presente aumentos que chegam a quase 200% nos próximos 20 meses”, diz. Segundo o parlamentar, o aditivo é prejudicial e deixa os motoristas sem nenhuma garantia de que o serviço previsto em contrato será executado.

O deputado chegou a realizar audiência pública na Câmara Federal para discutir sobre o assunto. Na ocasião, técnicos apresentaram relatório indicando que em torno de 90% das obrigações previstas no contrato de concessão de rodovias federais não tinham sido cumpridas pela Concebra. Apesar disso, a concessionária recebeu reajustes de 22% acima da inflação no período. Em abril, o aumento foi autorizado e a maior alta no pedágio foi na praça de Goianápolis, 168%. Em Alexânia, chegou a R$137%. Já em Professor Jamil o índice foi de R$131% e em Itumbiara chegou a 125%.

De acordo com o documento, a empresa tinha executado apenas 85 quilômetros de duplicação dos quase 650 quilômetros previstos. O relatório também apontou que a Concebra não realizou nenhum trecho dos 45 quilômetros de faixas adicionais, 30 quilômetros de contornos, 36 quilômetros de vias marginais e 11 acessos e não construiu nenhuma das 38 passarelas e nenhum dos quatro retornos exigidos em contrato.

A Concebra atua em rodovias federais que cortam Goiás desde 2014. Em 2019, a empresa foi alvo da Operação Infinita Highway, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, por suspeita de prestar informações falsas para simular o cumprimento das metas previstas no contrato de concessão.

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