Desmatamento aumenta 36% em Goiás, aponta relatório
Entre 2020 e 2021, a área de vegetação desmatada em Goiás aumentou 36%, segundo o Relatório Anual do Desmatamento, feito pelo projeto MapBiomas. O documento foi divulgado nesta segunda-feira (18) e traz análises do Brasil e de cada estado especificamente. Em território goiano, o aumento do desmatamento ficou acima do crescimento nacional, que foi de 20%.
Segundo o relatório, em 2019, 33,4 hectares (ha) foram desmatados em Goiás. Em 2020, o número caiu para 23,2 ha, mas subiu novamente no ano passado, quando alcançou os 31,5 ha. Ano passado, uma média de 87 ha foram desmatados por dia, em Goiás. A coordenadora técnica do MapBiomas Alerta, integrante da equipe que atua no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG), Lana Teixeira, conta que os responsáveis pelo desmatamento vêm destruindo áreas cada vez maiores de uma só vez e que, em 2022, já é observado aumento da quantidade de vegetação devastada, quando comparado a 2021.
“Normalmente, em ano eleitoral se vê uma tendência deste aumento por conta da instabilidade política. Você não sabe o que vai acontecer, qual vai ser o próximo governo, se ele vai ou não liberar algo. Além disso, está tudo voltado para a campanha política, então acaba ficando um pouco mais omisso”, comenta a cientista ambiental do Lapig/UFG.
Apesar do aumento de área desmatada, Goiás ficou estável no ranking de estados e permanece na 12ª posição, uma vez que a tendência de crescimento das áreas desmatadas foi geral. Apenas Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina tiveram queda significativa. O desmatamento cresceu em todos os seis biomas brasileiros. Do total de vegetação desmatada ano passado, 59% foi registrado na Amazônia, que lidera o ranking. Em segundo lugar está o Cerrado, com 30%.
O MapBiomas tem o chamado vetor de pressão, que indica o que poderia estar causando a destruição da área verde. “Em Goiás, quando a gente analisa os dados, normalmente o desmatamento acontece muito em áreas de assentamento. O maior vetor de pressão é a agropecuária. Na distribuição de alertas por tipo fundiário, a maioria dos casos acontece em áreas de assentamento”, detalha a pesquisadora.
Goiás é um dos estados mais transparentes
Segundo o MapBiomas, no Brasil todo, apenas Goiás e Mato Grosso publicam, na internet, dados completos e atualizados sobre o desmatamento. A secretária estadual de Meio Ambiente de Goiás, Andréia Vulcanis, foi convidada para o evento de lançamento do relatório. A responsável pela pasta destacou que Goiás está com 100% de transparência nos dados, mas reconheceu que há poucos profissionais na fiscalização. “Temos 12 fiscais para o estado como um todo, para todas as ações de fiscalização. Então nós concentramos e implantamos os atos de infração com base em dados de sensoriamento remoto”, afirmou.
Segundo Vulcanis, o salto da quantidade de áreas desmatadas está ligado ao discurso, “da sociedade em geral do estado de Goiás”, de que existe uma demora no processo de autorização de desmatamento em áreas onde ele é permitido. Por isso, segundo ela, o processo foi informatizado. “Hoje estamos com prazo de análise de 60 dias”, afirmou. “Então, o primeiro discurso de que não se tinha autorização e, portanto, se fazia de forma ilegal – e, basicamente, o desmatamento em Goiás está voltado às atividades agropecuárias, isso é fato – foi desfeito”, disse.
Por outro lado, a secretária citou que a alta nos preços de commodities agrícolas pressiona o desmatamento de novas áreas. “E, para o Cerrado em pé, não existe nenhuma política de valorização em Goiás e no Brasil todo”, afirmou.