Pré-candidato a deputado federal Coronel Edson defende pena de morte
Ângela Moureira, Letícia Brito, Ítalo Wolff e Nielton Soares dos Santos
O Jornal Opção entrevistou o pré-candidato a deputado federal, Tenente-Coronel Edson Melo. O militar comandou a operação que localizou Lázaro Barbosa, em junho de 2021, após uma sequência de crimes na região de Cocalzinho de Goiás. O pré-candidato, que ainda não se filiou a um partido, falou sobre como decidiu entrar para a politica e sobre pautas de impacto no contexto da segurança pública.
Aos 7 anos de idade, sonhou em ser soldado dentro do Batalhão da Rotam. Hoje aos 39 anos é tenente coronel da polícia, piloto de helicóptero, Cristão e advogado. Nasceu em Goiânia e cresceu no setor Vera Cruz, região oeste da capital.
Ítalo Wolff – Como seu nome foi recebido dentro da corporação? Como isso foi percebido pelos outros?
Eu atinjo o público externo, de forma imediata. Hoje eu tenho algo que o Brasil cada vez mais tem perdido, pelo lado dá a quem de direito o simbolismo do heroísmo, um país que tem Anitta e Pablo Bittar como pessoas que de certa forma são heróis, dos que representam o país. E hoje estou vivenciando com o público externo, principalmente, de 16, 17, 18, até 20 anos, o olhar de ser parado na rua, e pedir para tirar uma foto, e olhar dentro dos meus olhos, e falar que sou o herói deles. ‘Você é meu herói’. Isso, é muito representativo pra mim. Eu nunca imaginei que iria vivenciar isso. E dentro do ponto de vista institucional, hoje nós temos uma aceitação muito boa em nível de Secretaria de Segurança Pública, em nível de comando geral e em nível de Corpo de Bombeiros, de polícia penal… até mesmo porque eu já fui policial penal… a nível de guarda municipal. Em todos os municípios há os guardas municipais. Então eu entendo que eu seja… porque eu já fui guarda municipal… Então essa aceitabilidade ela é muito boa, acredito que estamos vivendo um momento onde temos um público bem efetivo, porque a instituição Polícia Militar em si, normalmente, é um pouco apática em relação à política, de exercer isso dentro da instituição.
Ítalo Wolff – Dentro da corporação o senhor diria que é difícil atingir uma unanimidade, há uma divisão?
Entendo que como toda instituição, ela tem as suas preferências, onde não somos uma unidade, nem Jesus foi, pelo contrário, foi crucificado. Mas logicamente, nós já temos aqueles que realmente tem tomada de decisão dentro da instituição, nos comandos regionais, comando das corporações, Secretário de Segurança Pública, e de certa forma, exercer uma influência sobre a tropa. Tendo em vista que nós já temos, por parte dessas autoridades, uma certa receptividade, isso já nos dar uma certa dianteira com relação à tropa.
Letícia Brito – O senhor comentou que não era intensão entrar na política, o convite partiu do próprio governador Ronaldo Caiado?
O govenador Ronaldo Caiado fez o convite. Esse convite foi feito em dois momentos. Houve uma conversa informal no gabinete, logo após a operação, quando teve toda aquela repercussão, e depois o então comandante geral, coronel hoje secretário de Segurança Pública, fui chamado até o gabinete do governador e o governador deu a determinação para que ele me chamasse para essa missão.
Nielton Soares Santos – E a Gracinha Caiado participou dessa conversa?
Não. Dona Gracinha é nossa madrinha. A gente já tem um relacionamento de amizade antes do governo, eu tenho uma relação de amizade com a família Caiado desde 2007. Estamos juntos, mas ela sempre esteve presente, teve ombreando com os nossos sonhos e com toda certeza, ela validou esse posicionamento do governador como sempre.
Ângela Moureira- Qual o diferencial do governador Ronaldo Caiado na área da segurança pública?
O principal diferencial do doutor Ronaldo Caiado, e nós que já vivenciamos outros governos, é justamente falar além da linguagem da tropa, como comandante chefe, todas as vezes nos discursos, ele se coloca assim, é como se fosse um general de guerra para nós policiais, se colocando a frente, e toda a batalha, todos os soldados querem está com seu comandante a frente. E o doutor Ronaldo Caiado tem provado por A + B que ele sempre esteve com a polícia, como um todo, não somente com a Polícia Militar, mas com toda a estrutura de segurança pública… tanto é que nós somos referência hoje a nível nacional.
Ângela Moureira – Quais os principais investimentos do governador Ronaldo Caiado na área da Segurança Pública?
O maior investimento hoje é em inteligência. Nós temos que investir em inteligência para que possamos ter resultado lá na ponta. Não é aquela máxima de antigamente, de colocar viaturas nas ruas, sem você ter estatísticas, sem você ter conhecimento técnico. É colocar dinheiro público para rasgar. Hoje tudo que é feito dentro da metodologia, é feito dentro de um estudo, dentro de um mapeamento. A exemplo das edições todas elas foram dentro de inteligência. O resultado é ter zerado o novo cangaço em Goiás, feito em cima de inteligência. Aqui estamos na contra mão do país, porque o novo cangaço evoluiu para tomada de cidade, onde os marginais estão utilizando drones noturnos, usando explosivos com sensor de calor, e hoje o policial goiano está sendo chamado para instruir tropas em outros estados.
Ângela Moureira – Ainda, a respeito do govenador Ronaldo Caiado, porque o senhor acha que ele merece ser reeleito?
Acima de tudo, por ser um homem probo, partindo do pressuposto de que nós queremos mudança, não tem como mais aturar pessoas que realmente carregue em sua história, uma ficha de corrupção e de desgaste em todo os sentidos. Partindo desse pressuposto, hoje, sem dúvida, o Ronaldo Caiado é o nome que se mantém na vida pública, não é de agora, já a vários anos, como símbolo de probidade. E isso foi o principal quesito, vamos dizer assim, principal força dele para que ele mantivesse o estado nos momentos mais difíceis que nós vivemos, no momento de pandemia, porque ele tem credencial para circular em qualquer lugar de Brasília. Seja no STF, seja no Congresso Nacional, ele tem credencial para com todos os parlamentares, todas as autoridades, presidente da República, todos os respeitam e o reconhecem por isso.
Nielton Soares Santos- Por que esse voo tão alto, já mirando a Câmara Federal, quando você tem colegas que estão na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa?
Sempre nós andamos em cima de propostas e eu me recordo que com 7 anos de idade, eu sonhei em ser soldado dentro do Batalhão da Rotam. Hoje aos 39 anos, eu sou Tenente Coronel da Polícia Militar de Goiás. Eu que tive uma infância e adolescência um tanto conturbada. Nasci em Goiânia e morei quase que a vida toda no setor Vera Cruz, bairro mais marginalizado, vamos dizer assim, meu pai, desde que entendo por criança, estava na informalidade, então já com 9 anos de idade, eu ombreie com meu pai ali, com uma caixa de pamonha, vendendo pamonha mesmo na rua, com a bicicleta cargueira, com ele. Isso eu fiz até os 13 anos, quando eu vou para um balcão de padaria. Estudei em escolas públicas. Não tive um bom ensino. Aos 18 anos vou para as forças armadas, foi lá que caiu a ficha, o diferencial de realmente de não ter seguindo caminhos que meus amigos seguiram, infelizmente, muitos deles morreram em confronto com a polícia, por ter tomado direções distintas. Eu fui para o esporte, desde os 9 anos comecei a fazer esporte, e essa trajetória no esporte, com muita dificuldade, mas sempre tendo uma família ao lado, sempre no coração de fazer o certo. Então, eu chego na faculdade com muita dificuldade, com empréstimos e empréstimos, termino a faculdade de direito, sonhando em ser polícia, passo por um processo de reconstrução, porque minha educação não me dava condições para que eu acessasse o concurso público. Eu tive que me alfabetizar, já na idade adulta, para que eu pudesse concorrer ao mesmo nível, aí eu me formo em direito e quando eu saio da faculdade, eu passo… lógico, depois de várias reprovações, eu passo em cinco concursos, onde eu pude escolher ser oficial da polícia. Eu volto a dizer, eu que nunca sonhei, eu lá, quando era criança fazia meus carrinhos de garrafas pets, nunca sonhei ser piloto de helicóptero, e hoje sou piloto de helicóptero da Polícia Militar. Fiz meu curso em São Paulo. Então, uma trajetória realmente que sempre eu sonhei, eu tive um sonho pequeno, mas sempre Deus me colocou em voos mais altos. E hoje sou piloto helicóptero, nunca pensei em escrever um livro, estou lançando um livro.
Nielton Soares Santos – De onde veio essa ideia de escrever o livro?
É Deus. Eu sempre coloco que Deus tem colocado em meu coração, situações pontuais na minha trajetória. Então assim, logicamente trazendo para aquele momento da operação, foi realmente o ponto de vista do policial. Aqui não é a história do Coronel Edson, aqui é a operação como um todo. Muitos criticaram, às vezes até sem conhecer o livro, sem ler o livro, e aqui nós trouxemos a história da operação. Esse livro está nas principais plataformas, na Amazon, Americanas, Saraiva… Esse livro já está sendo roteirizado para virar filme. Ontem (domingo, 24), eu tive um contato com Rodrigo Pimentel, que fez Tropa de Elite, e falou que meu nome está muito bem falado lá fora. Então é prova por A + B, que nós estamos na direção certa, e que Deus tem iluminado justamente para que a gente possa alçar voos mais altos, e como eu nunca fugi a guerra, naquele momento que o governador trouxe essa proposta, nós abraçamos e em nenhum momento…, como se diz, missão dada é missão cumprida. Vamos até o final.
Ítalo Wolff – O livro será transformado em série também?
A tendência é que seja um Tropa de Elite 3. Mas ainda está sendo estudado. Já tem um pessoal de São Paulo, já compraram os direitos autorais por dois anos.
Ângela Moureira – Isso tornou o senhor mais conhecido?
Sim, o livro com toda certeza, ele foi, vamos dizer assim, a mudança de chave entre ser conhecido dentro da instituição. E abrir as portas da instituição, porque hoje, nós saímos nas ruas e somos reconhecido, nós somos cumprimentados e isso se dá devido milhões de views, representa 10% da população do país, representa aí, porque esse view é a tendência. Isso também é um momento emblemático da história do nosso estado que ninguém escreveu e naquele momento nós escrevemos.
Ítalo Wolff- O senhor mencionou que o Congresso tem votado em oposição ao presidente, mas existe um número recorde de militares dentro do Legislativo.
Sim e acredito que nós vamos atingir um número recorde no ano que vem. Mas esse número atual não está sendo necessário. Nós temos acompanhado algumas sessões, até na Bancada da Bala. Hoje está bem dividida essa bancada e precisamos de pessoas que realmente tenham voz para que possamos andar com os projetos relativos à Segurança Pública. Apesar de ter mais militares, estamos ainda enfraquecidos e precisamos reforçar nossas bases. Hoje, o Eduardo Bolsonaro tem feito um trabalho a nível de estados, levantando nomes que tenham poder de serem eleitos para reforçar essa bancada, sob duas óticas: o de uma possível reeleição ou de uma possível não reeleição e aí sim ter uma Câmara que possa manter os direitos que foram conseguidos a duras penas na segurança pública.
Ítalo Wolff – Queria saber também o que o senhor pensa de algumas propostas. Por exemplo, a câmera na farda que tem alguns resultados interessantes em São Paulo.
Sim. O mais interessante é o aumento do índice de latrocínio em 21%. É mais uma vez a população escolhe Barrabás ao invés de Jesus. Uma vez que você tem uma polícia que, de certa forma, está sendo monitorada em suas ações… Eu não discordo que o policial possa ser monitorado, até porque a polícia atua na legalidade. Porém, nós temos muitas situações a serem vistas no nosso país. A exemplo, 40% dos presos estão em regime provisório, então hoje existe uma entrada e saída muito grande de presos dentro dos nossos presídios, tanto em nível nacional, quanto estadual. Temos 500 mil foragidos no Brasil. E uma população carcerária de 900 mil presos. Hoje, uma tornozeleira custa ao Estado em torno de R$ 300. Hoje, uma câmera em si, fora questão de manter isso aí em banco de dados, em nuvem, estamos falando de um custo de R$ 700. E o preso provisório está na rua, cometendo crime. Em sua maioria são reincidentes, 80% dessa população carcerária que sai são os reincidentes, são os mesmos a cometer crime. A população escolhe colocar câmera nos policiais ao invés de colocar tornozeleira em preso. Até onde isso vai dar certo? Isso já está refletindo em SP tivemos aumento na modalidade do latrocínio, que é a pior espécie de crime, do meu ponto de vista, porque além de levar o bem, leva a vida. Não é suficiente levar o bem, tem que levar a vida. Existe uma projeção em SP de que, se permanecer como está até o final do ano que vem, é impossível andar em SP sem ser roubado. Então, se é esse o entendimento da nossa sociedade, colocamos as câmeras. Porque existem dois efeitos aí. Primeiro: o policial que é titular, a última barreira da população, automaticamente vai desestimular esse policial a trabalhar. Segundo: o cidadão de bem que tem conhecimento de determinado crime, não vai até o policial relatar isso porque vai estar sendo filmado, aquela a filmagem vai ser incluída no processo e ele vai ser chamado. Hoje em uma situação de som automotivo, o vizinho chama a polícia e não vai até a delegacia depor porque muitas vezes o vizinho é um cidadão de bem e só está usando som no volume alto em um fim de semana. Agora, imagine se vai delatar traficante ou estuprador? Não vai. Então, nós estamos mais uma vez criando mecanismos de amarrar a nossa polícia.
Ítalo Wolff – Eu não entendi. Como a câmera prejudica policiais? Ele pratica uma autocensura porque acha que pode ter problemas judiciais depois, é isso? Atua menos?
Eu entendo o seguinte: tiveram uma diminuição da letalidade policial em 90%.
Ítalo Wolff – Foi 61%, mas também reduziu o desacato a policiais. Aumenta a produção de registros porque, às vezes, o policial que não registrava antes, sabendo que está sendo filmado, ele simplesmente é obrigado a fazer todo o processo?
Para nós que conhecemos de segurança pública, o que é um desacato diante de um latrocínio? O que é um registro de ocorrência diante de toneladas de maconha e pasta base que estão passando. Porque isso tudo é dissimulado: se eu tenho cinco viaturas em determinada região e sei que o policial está com câmera e vai ser acionado, posso colocar cinco iscas para empenhar cinco viaturas, e passar com a carga que eu quiser passar, seja ela de fuzis ou de droga. Então, o crime organizado entende muito bem porque está por trás de todas essas decisões. O comando vermelho, PCC, hoje atuam ativamente dentro do nosso sistema político e muitas vezes as tomadas de decisões estão vindo de lá, justamente para amarrar a nossa polícia para que eles possam ter liberdade de ação. Quando você traz um crime de menor potencial ofensivo, a exemplo do desacato em detrimento do latrocínio, eu escolho não acontecer o latrocínio.
Letícia Brito – E o senhor acredita que a letalidade policial ter diminuído é um ponto positivo, apesar de o senhor discordar da câmera?
Não. Acredito que a letalidade policial ter diminuído é um ponto negativo. Isso é inversamente proporcional: você aumentou latrocínio, está morrendo cidadão de bem. Quando eu falo em letalidade policial, o policial agiu em legítima defesa sua ou de terceiro, ou seja, o policial não está agindo em legítima defesa de terceiro [quando há queda da letalidade policial].
Ítalo Wolff – O Fórum Brasileiro de Segurança Pública registra, em 2020, 6.400 assassinatos pela polícia no Brasil. Desse total, 10% em Goiás. Não é um problema também de segurança pública? Não seria uma coisa interessante reduzir a morte de pessoas, seja ela bandido ou não?
Entendo que temos que visualizar a questão do enfrentamento policial sob a ótica do policial, não do bandido. Se está morrendo bandido é porque fez escolha em confrontar com a polícia, A polícia não sai matando seu Zé, dona Maria. Eles estão sendo guardados, tem a viatura passando nas suas ruas , quando a polícia é chamada, ela chega. Quando você me apresenta um dado desses, pode ter certeza que todos estes indivíduos que morreram em confronto com a polícia, são pessoas que procuraram confrontar com a polícia. A exemplo do Lázaro Barbosa. Ele foi atípico porque foi o BBB do ladrão, sendo colocado em rede nacional por 15 dias. E foi provado que, durante quatro momentos, ele teve oportunidade de se entregar, mas atirou na polícia. Ali é um fato bem específico onde realmente o marginal está disposto a atirar na polícia. Desse ponto de vista, sob essa ótica, foi até positivo. Porque muitas das vezes é vendido só o que é colocado nessa mídia, do meu ponto de vista, é pirotécnico. A exemplo de alguns jornalistas colocarem “morreram 25 no morro do Alemão e só morreu um policial”. Que matemática é essa? Só morreu um policial? Tinha que morrer 25? Que escolha é essa? Que ponto de vista é esse desse jornalista? Que morram mais bandidos!
Nielton Soares Santos – Você é formado em Direito e a gente tem o Código brasileiro de 1940, da época do Getúlio Vargas. Existe muita brecha na lei e aquela questão que policiais falam que é enxugar gelo: prende, solta, prende solta. Na sua opinião, o que é possível de ser feito?
Cumprimento da pena na integralidade. Com um sexto da pena, que é aplicado hoje, gera reincidência. Outra questão é a audiência de custódia. Isso é um mecanismo criado para colocar preso na rua. É um sistema que funciona de forma totalmente contrária à balança da Justiça porque o principal autor, que é o policial, não se faz presente. É sabido que todas as perguntas feitas para o preso ali, que ali envolve tanto polícia, quanto MP, quanto o Judiciário, todas as perguntas são tendenciosas. Isso gera o que? Impunidade. E também o que? Mais um fator desmotivador. Porque se a primeira pergunta feita é “o policial te bateu?”, é uma pergunta tendenciosa já por si só, uma pergunta parcial e, automaticamente, o sujeito, que quer sair dali, vai falar que o policial bateu, que fez isso, fez aquilo. Então, se você está soltando bandido, escolhendo Barrabás, o policial vai responder procedimento porque o juiz vai ter que remeter esse áudio para a apuração da polícia, tem que ser apurado porque ele falou que apanhou. Toda prisão em que é gerada audiência de custódia o policial pode sair com procedimento. Até quando esse policial vai estar motivado a trabalhar? Todas as vezes vai ter que responder procedimento. Uma hora ou outra esse procedimento vai virar abuso de autoridade e tortura ; e aí a perda da função e ele vai sair da instituição.
Nielton Soares Santos – Mas você tem alguma proposta para atualizar o Código Penal de 1940?
Ele tem que ser totalmente revisto. Estamos falando de 1940, um período onde o crime organizado não imperava. Hoje, estamos em um momento em que organizações criminosas usam tecnologia . Temos que ver todo o Código Penal e legislação que diz respeito a abuso de autoridade, que é aberração jurídica para mim hoje, do ponto de vista do policial, porque todos artigos que foram constituídos ali … Não deveria nem ter artigo, só colocar tudo abuso de autoridade e assinar no final. Temos que rever tanto a Lei de Execução Penal, quanto o Código de Processo Penal. Tem que ser uma reforma de todo o nosso sistema legal voltado para que haja realmente a punibilidade, que não haja mais impunidade porque o que estamos vivendo nesses últimos 40 anos é justamente o reflexo… A culpa não é dos chefes faccionados, vamos dizer assim. O chefão do PCC não é culpa dele, não é culpa do chefe do Comando Vermelho. A culpa é que nossos gestores têm protelado há 40 anos, em cima de erros e erros e erros… Então, se você tem um gestor fraco, automaticamente vai gerar pessoas fracas e é isso que estamos vivenciando hoje. Mas entre os fracos e esse momento de dificuldade que estamos vivendo, tem pessoas fortes também. Tem um provérbio que diz que momentos difíceis geram pessoas fortes. E nesses momentos difíceis que estamos vivendo agora, tem pessoas fortes sendo geradas. Policiais fortes, a exemplo da polícia de Goiás, tropas especializadas, como o BOPE do Rio de Janeiro, com Gefron que trabalha na fronteira do país. Esses fortes que estão sendo gerados agora, nós temos que trabalhar. Já entramos em um processo eleitoral novamente que vai ser decisivo para que possamos ter retaguarda forte para que modifique tudo isso. Nosso gestor principal tem que ser forte, de pulso, para que possamos modificar isso tudo.
Nielton Soares Santos – Você é a favor da pena de morte?
Sou a favor da pena de morte, sou a favor da castração química. Entendo que onde nós temos uma legislação que mais solta do que prende e que uma vez gerada impunidade você gera reincidência, e marginal não tem medo de reincidir. Então, o estuprador não tem medo de estuprar novamente, o homicida não tem medo de matar mais um. Então tem que rever todo nosso sistema legal e conseguir com uma reforma chegar a esse ponto. Existe uma grande falácia de que nosso país não está pronto para suportar uma pena de morte. Estamos sim. É provado por A+B que boa parte daqueles que estão no sistema penitenciário brasileiro já são reincidentes. E boa parte que sai vai reincidir em 80%. Então você tem uma população carcerária quase 100% reincidente. Não tem ninguém preso n sistema prisional brasileiro de forma ilegal.
Ítalo Wolff – O senhor não acha que seria dar muito poder ao Estado conceder o direito de executar alguém?
Não. Entendo que o Estado estaria atuando de forma pontual e inibindo aqueles potenciais agressores da sociedade, que vão sentir o pulso forte do Estado, ao cometerem crime no primeiro momento ou em reincidência. Vamos trazer a história de Bonópolis O estuprador é contumaz. Ele trabalha em cima do princípio da oportunidade. Estupra hoje, amanhã vai estuprar de novo se tiver oportunidade. Quando ele cai, é preso, é imensurável a quantidade de pessoas que ele estuprou. Assim como o pedófilo. Porque existem duas vertentes. Tanto o estuprador realmente ser preso e também da própria denúncia. Muitas vezes, as mulheres são estupradas e por a gente ter um país um tanto quanto machista, elas não trazem isso à tona. Muitas vezes a esposa não fala para o marido, filha não vai contar para o pai. Então, o estuprador tem esse amparo. Só tem uma saída para esse sujeito: a castração química. Uma vez que a castração química gera um custo para o estado, entramos com o segundo fator pena de morte, que é o sujeito que não vai ter recuperação nunca.
Letícia Brito – O senhor disse que não há saída para o estuprador. O senhor acha que em algum tipo de crime a pessoa consegue “melhorar” e viver em sociedade?
Tem. Existe uma figura chamada ressocialização. No Brasil hoje eu não acredito nessa figura da ressocialização em suma. Só ressocialização quem foi socializado. Hoje 80% da população carcerária são pessoas que não tiveram acesso à educação – então não é um problema de polícia, é de retaguarda mesmo – tem uma família totalmente desconstruída e ele é introduzido no crime já na pré-adolescência ou adolescência. E uma vez introduzido no crime ele vai se qualificar. Geralmente a porta de entrada é o tráfico, que é de certa forma é um crime menos agressivo, mas ele parte para o roubo quando adquire dívida com tráfico porque aí ele tem que roubar para pagar essa dívida, não tem outra forma de levantar este dinheiro. E uma vez preso ele dentro do sistema prisional vai se qualificar ainda mais. Costumo dizer que entra roubando galinha e sai roubando banco. Há uma qualificação no sistema. Temos que ver a lei de execução penal, aí entra na legislação novamente, para que o preso possa cumprir a pena. Temos que acabar essa coisa de um sexto da pena, isso já é referente ao Código Penal, e na lei de execução penal que ele possa realmente trabalhar e pagar sua estadia no presídio – com o trabalho dele ele paga a estadia dele. Acabar com essa figura da retração da pena. Ele tem que trabalhar para apagar estadia, não para reduzir pena. Ele que escolheu cometer crime. E a ressocialização não existe. Só o sujeito que foi socializado que vai novamente retornar para o seio da sociedade. A partir do momento em que todos nós podemos cometer crime, já que somos humanos, você pode sair daqui, estar num momento um tanto quanto ruim da sua vida, às vezes está armada, ou está com uma faca ou com pedaço de pau, e mata alguém. Mas você é recém formada, tem estrutura, retaguarda, você sim pode, lá dentro, fazer processo de reflexão, e pensar “tenho que retomar minha vida”. Agora, a pessoa que não foi socializada não ressocialização.
Ângela Moureira- O senhor falou que não acredita que alguns presos tenham ressocialização. O senhor acha que faltam políticas públicas ? Sendo eleito, o senhor vai trabalhar com projetos que ajudem crianças e adolescentes a ter essa socialização para que fiquem longe do crime e das drogas?
Eu sou prova viva de que não entrei no crime porque me deram oportunidade lá atrás, com nove, dez anos de idade, onde meus colegas estavam, muitas vezes, escolhendo cometer pequenos delitos, eu escolhi esporte. Nosso país é muito rico nessa seara, que seria uma das janelas que temos para abraçar o adolescente o pré-adolescente. Uma das saídas seria o esporte. O esporte seria uma segunda família, vem para abraçar a criança ou adolescente numa possível falta. Uma vez que é iniciado no esporte e incorpora os princípios, ele automaticamente vai ser cidadão de bem e mudar a trajetória dele.
Nielton Soares Santos – Para quais crimes você acha que caberia a pena de morte?
Todos os crimes hediondos e que tenham pena acima de oito anos já tem que ser vista pena de morte. Claro que tem que ser muito bem estudado em nível de Congresso, tem que ser as duas Casas, Essa reforma passa pelo crivo constitucional. Tem uma cláusula pétrea constitucional hoje, tem que ser uma reforma com a maioria das duas Casas. Inicialmente, seriam crimes hediondos. Agora temos que sentar e estudar, mas todos os crimes hediondos são passíveis de pena de morte.
Ítalo Wolff – Eu queria saber se o senhor enxerga algum conflito de interesse entre as atividades policial e política. Forças armadas partidárias podem se predispor a atuar em benefício de um grupo politicamente alinhado?
Eu entendo que as Forças Armadas existem para defender o estado democrático de direito. Eles vão atuar de acordo com o que rege a Constituição. Não entendo que vai atuar em benefício de A ou de B. Mas uma vez que for colocado em cheque o Estado Democrático de Direito, pode sim haver intervenção.
Ítalo Wolff -Então o policial que se torna político consegue compartimentalizar e pensar “quando sou policial, não levo meu partido em consideração”?
Não, eu entendo que meu partido é a polícia. Mesmo que esteja filiado a um, meu partido é a segurança pública e sob essa ótica vou atuar dentro da Câmara, lógico que respeitando preceitos legais e constitucionais.
Letícia Brito – O senhor é bastante ativo nas redes sociais e uma das pautas mais comuns no seu perfil é do armamento. O senhor defende que a população seja armada. Trazendo dados do país que mais tem armas, os EUA, em 2020, 43% das mortes foram homicídios, segundo dados do CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças. De todos os assassinatos, 79% foram realizados com armas de fogo. Nesse número estão ataques e tiroteios, inclusive em escolas. Os EUA é o país com mais armas do mundo e, ainda assim, registra tanta violência. Olhando para o exemplo dos EUA, não parece contraditório defender que armamento da população aumenta a segurança pública?
O nosso Estatuto do Desarmamento de 2003 eu o considero o estatuto da morte. Me recordo de meus avós estarem armados e isso não era algo que trazia violência. Essa teoria da violência é de um determinado grupo político. Tanto é que em um referendo de 2005 a população quis ter acesso a armas e não foram respeitados. Então partindo do pressuposto que temos população que tem tendência à defesa da família, autodefesa. Recentemente, ainda no governo anterior, nós fechamos com 60 mil homicídios a nível de Brasil. Nos últimos três anos, aumentamos em 500 mil o número de registros de CACs e um milhão de armas foram compradas nesses últimos três anos. Inversamente proporcional a isso, caímos com número de homicídio em 21 mil – de 60 mil para 40 mil. A grande questão é: um psicopata , tendo acesso a arma, querendo fazer algo, vai fazer, não vai impedir se o país tem liberação da arma ou não. O grande X da questão é tratar o cidadão de bem como se fosse o bandido da história. Nosso país tem que dividir esse tratamento. O bandido marginal tem acesso a arma. Não precisa ter registro de arma, passar por teste psicológico, fazer teste em estande de tiro. Quem está procurando ter acesso a arma são pessoas que têm vivência civil de forma ordeira, cumprem requisitos e estão se comprometendo a ter tutela e guarda do armamento. O marginal tem acesso de qualquer maneira, assim como o psicopata. O grande diferencial, e isso a História comprova, o primeiro ato para que se constitua uma ditadura é desarmar a população, para que não haja resistência. Aconteceu em nosso país, inclusive, no governo Getúlio Vargas. Ele fez com que os coronéis – que eram os que realmente possuíam poder armamentista, vamos dizer assim – entregassem suas armas para que ele tomasse os estados. E outras ditaduras, no passado, em nível de mundo. Armar a população é você dar direito de igualdade e de certa forma também, e afirmo isso categoricamente, uma vez que você tem a população armada, você tem a polícia mais forte, automaticamente você diminui todos os índices. Suponhamos que um marginal cometeu delito e naquela rua, num país onde cidadão tem acesso a arma, o bandido vai pensar mil vezes antes de cometer delito porque não sabe se seu Zé está armado , se o João na outra ponta está armado e se o Tião do pastel que está passando na hora está armado.
Letícia Brito – Mas é fácil lidar com uma arma de frente para o bandido?
Existe hoje um discurso de que o indivíduo não sabe manusear armamento. Isso vai de pessoa para pessoa. Se ela compra uma arma e não treina, – e hoje existe todo aparato de estande e acesso a munições, neste governo do Bolsonaro ampliou para que a pessoa possa treinar, principalmente CACs que têm acesso a cinco mil maciços anual, para que realmente possam treinar e normalmente praticam isso de forma esportiva, então treinam cada vez mais para campeonatos, são pessoas que estão se capacitando. Cabe àquela pessoa adquirir a arma, se vai ter apenas como símbolo, ou aquela arma vai servir para matar ela, se ela não estiver treinada para operar. Mas que o Estado não entre nessa seara, que deixe o cidadão decidir se vai comprar arma ou não. “Ah, a aquisição de arma é elitista, não é todo mundo que tem acesso à arma”. Uma arma hoje é em torno de R$ 5 mil, qualquer um pode ter acesso. Por que? Aquele cidadão que ganha um salário mínimo parcela um Iphone em 20 vezes e um Iphone é R$ 10 mil. Se ele quiser ter acesso a arma, vai ter. Cabe a ele escolher se quer um Iphone de R$ 10 mil ou uma arma de R$ 5 mil. Do meu ponto de vista reflete em menos violência.
Nielton Soares Santos – Até armamento pesado acredita que deva ser liberado para a população toda?
Acredito que não deveria ter essa figura do CAC inclusive,. O cidadão de bem estando habilitado vai lá e compra a arma que lhe convém. Nos EUA é quase que uma arma por habitante, são delimitadas regiões onde pode estar armado. Mas todos os atendados que houve, foram de pessoas que tiveram acesso de forma ilegal, foi lá e cometeu o crime. Assim como aqui: se quiserem cometer, vão cometer, independente tiver arma legalizada, dando acesso a um tanque de guerra ou a um 38, vai cometer crime.
Ângela Moureira – Por ser da área da segurança pública, o senhor também defende muitas bandeiras que o presidente Bolsonaro defende. O senhor vai apoiar a reeleição do presidente?
Sou Bolsonaro na veia, não tem como correr disso. Sou militar. Coaduno com a ideias dele e com toda certeza vou apoiá-lo.